terça-feira, 26 de junho de 2012

Vai discordar ou vai de bullying com a Gillette?


Em tempos nos quais o bullying é discutido quase que diariamente em programas de televisão, rádio, revistas, jornais, escolas e universidades, um comercial no qual uma pessoa é constrangida a trocar de produto simplesmente pelo apelo da força física de outros não me parece uma ideia construtiva. OK, a primeira alegação a favor do comercial é de que ninguém ameaça o rapaz verbalmente. É verdade, mas a situação que se configura dispensa ameaças verbais: ele está cercado por uma série de homens muito mais fortes que o acusam de estar amarelando, uma dupla referência tanto à cor do produto pelo qual ele havia optado e, mais importante, quanto ao fato de que ele estaria se acovardando ao escolher um produto que não é visto como "campeão".

 O comercial pseudoengraçado

"Ah, mas é só um comercial". Sim, é só mais um comercial fazendo apologia de coisas que não prestam. Assim como muitos comerciais de cerveja repetem diariamente que as mulheres não passam de objetos sexuais aptos a buscar cerveja geladinha para seus namorados/maridos. Não há sequer uma frase dizendo porque o produto azul é melhor do que o amarelo.

O rapaz chega a dizer "Que é isso, pessoal, vocês entenderam errado, eu vou é de Gillette mesmo." Ou seja, acuado, ele troca o produto e assume a preferência que lhe está sendo imposta. Acredito que esse tipo de imagem construída em comerciais como esse estimulem a encarar o bullying como algo normal. Com certeza alguns dirão: "Ah,  mas o comercial é para adultos." Não importa, porque crianças também o veem. E o pior de tudo, elas podem pensar que se o bullying (ou assédio moral, para quem preferir) é comum no mundo adulto, por que não seria no universo infantil e adolescente? Esse tipo de atitude, que constrange a ação de outros, é sempre bem vista por quem gosta de exercer formas de poder desproporcional.

Com certeza, a próxima vez que for comprar lâmina de barbear, não será dessa marca azul. Vou AMARELAR com gosto!

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